A ultima crise durou 6 horas, aquele corredor frio e o barulho do ar condicionado nunca saíram da cabeça. Cada minuto contado no relógio, cada um que passava com aquele olhar piedoso pra porta de espera, ninguém quer estar de nenhum dos dois lados. Vozes falando baixo e uma longa noite pela frente, depois que você está lá dentro não sabe mais se é dia ou noite, se está calor ou chovendo lá fora, parece um pouco universo paralelo dos com "pouco tempo", ou dos "pouca chance" "área de risco". Não havia relógios a vista lá dentro, havia apenas um lençol verde clarinho um camisola de listra aberta atrás. Você não consegue ver se ah alguém do seu lado, o vazio só é quebrado pelas mãos frias que fazem a medição da temperatura. 6 horas repassando uma vida inteirinha na cabeça, sabia ou achava que sabia o que viria depois, não tinha força suficiente para abrir os olhos, cada tentativa de piscar inutilmente.
Hoje a lembrança só volta em dias muito agitados ou quando preciso voltar ao hospital para alguma coisa, e ainda insistem "vai lá, vai ser rapidinho!" "você tem medo de tirar sangue?!" e os rostos me olhando como se fosse um absurdo eu me recusar a ir no hospital. Volta lá e revive cada segundo dessa sensação, ai ninguém que né!? Hoje vou pedir as minhas plaquetas que voltem, porque cara%$#@# eu preciso delas aqui! COMIGO, para defender rs.. Para me deixarem a cara da zueira, Para eu ir a praia fazer uns buracos na areia com a minha filha! Simplesmente para eu poder tomar um banho em paz sem aquele banquinho me esperando para dar uma descansada nas pernas.. Chega dessa alergia louca ao calor, chega de acordar empolada e com as mãos geladas.. Quero minhas mãos quentinhas.. Quero dançar até o cabelo molhar, a única dor que quero sentir é de gargalhar até a barriga doer.
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