terça-feira, 30 de agosto de 2016

Uniformes


Carrego comigo uma marca, quem não tem uma marca na vida?

Sempre que olho pra ela me lembra do porque ela está ali, depois ganhei outra no rosto que justifica algumas mudanças do caminho, semana passada ganhei outra marca no corpo, pequena e acredito que ela fique discreta, descobrirei hoje quando for tirar os pontos.

A cesárea ficou discreta, é a marca da minha transformação em mulher, foi a marca da minha passagem na maternidade o primeiro contato do meu corpo com o dela e a nossa ligação linda de corpo e alma.

As bochechas rosa são vistas só pelos que sabem da existência delas, dependem do meu momento na vida, chegaram á dois anos e estarão comigo até o último dia, já integram as minhas fotos atuais.

Essa noite eu não dormi, só olhei pra essa linha desenhando uma nova marca. É de marcas que se fazem a vida, é de marcas que escrevemos nossas histórias, são marcas de promessas, são marcas de vidas.

E daquele corpo frágil no inicio, não sobrou nem os cabelos, não tem mais medo de marcas, hoje coloca os joelhos no chão para ter mais marcas, marcas de oração sem sessar para que ele me preserve das dores e me dê mais dias de sorrisos do que de lagrimas, me fortaleça os joelhos para dançar enquanto eu quiser, me fortaleça a cabeça para o trabalho e que o coração possa ser formatado quantas vezes for partido.

As marcas serão como as fardas dos soldados quando voltam das guerras, estão aqui apenas para lembrar que foi difícil, foi preciso rastejar no chão, mas no final valeu a pena voltar para casa, vitória sem luta não se tem o valor merecido.·.