sábado, 2 de abril de 2011

Mamãe Galinha

“Ai de quem mexer com os meus pintinhos!” é uma frase já bem conhecida aqui em casa, tanto pela compreensão do seu significado, quanto pelo uso freqüente.

Visualizem a cena da mamãe galinha com os seus pintinhos debaixo das asas, protegidos de tudo e de todos, sempre quentinhos. Não é lindo? Sim, é. Mas só pode ser algo “photoshopado” por aí.

Eu costumo dizer que sou essa mãe, mais até pela graça que a imagem desperta nos meus filhos, porém sei que eu não sou essa mãe, não. Sei mais do que isso: ela não existe, pois é impossível atingir essss objetivos com total perfeição.

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Você se cuidou muito e bem durante toda a gravidez, fez um pré-natal nota 10, o bebê nasce e você equipa todos os cantos da casa com álcool gel, instala um piso de vinil branco no quarto do precioso bebê, que obriga todo mundo a tirar os sapatos sujos vindos da rua para que possam adentrar a redoma de cristal preparada ao longo de 9 meses do seu filho. E, um dia, ele fica doente. Cadê? Cadê esses vírus malditos que eu não vi? Essas bactérias que se apoderaram do meu filho, causando-lhe tamanho desconforto?

Ah, o enxoval é um assunto à parte... Tudo anti-alérgico, da maior maciez possível e... de onde será que vêm essas brotoejas terríveis que tomaram conta do corpinho desse bebê?

Intolerância à lactose, alergia à peixe e também à fralda topdelinhamaiscaradomundo, como eu não vi nada disso? Como não previ essas chateações? Onde estava o meu instinto materno que não me avisou que isso aconteceria? Que não me permitiu sentir o “cheiro” de que algo estava errado e poderia causar “danos” ao filho tão amado e querido??

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Isso é botar filho no mundo.

A gente acha que tem o controle de tudo, mas as nossas asas nunca parecem ser grandes o suficiente. Pior: elas parecem diminuir conforme a passagem do tempo.

Quer perder o controle total? Matricule a criança na escola. Você prepara o lanche mais saudável, natural e orgânico do mundo e descobre que o seu filho está roubando o bolinho Ana Maria do amigo. Aquele temido, cheio de açúcar e gordura trans...

Daí, você pode até achar que é melhor deixar o filhote em casa com uma babá. E, um dia, encontra o seu filho cantando uma música meio gospel, meio evangélica enquanto brinca. E, em seguida, descobre que a babá cantarola o mesmo repertório durante o trabalho. A babá mais bem recomendada, de confiança e experiente, que puxa o seu orçamento para baixo mensalmente...

Então, talvez pense que o melhor é largar tudo e ficar por conta do filho. Mas, um dia, ele começa a cantar e dançar o “Rebolation”, da mesma maneira que “flagrou” a faxineira que vem só uma vez por semana cantando e limpando os vidros da sala.

Melhor mandar para escola? Sim, talvez.

E o “Rebolation” volta a te assombrar, porém a “culpa” agora é da amiguinha querida, cuja mãe acha a maior graça em ensinar a letra e a coreografia de rebolation´s e afins. Ou, tem que escutar do seu filho que os DVDs da Xuxa são su-per legais. Uma outra amiguinha querida levou o DVD na escola e todos assistiram, se divertiram e gostaram.

Me diz: é justo? Justo com você que tenta controlar 24 horas por dia o conteúdo, o tipo de programa que o seu filho assiste na televisão e a qualidade das músicas que ele escuta?

Justo com você que ouviu “Babies Go Bach” durante a gravidez toda, só investe na coleção “Villa Lobos para crianças” e tem arrepios na coluna diante de qualquer menção à “Galinha Pintadinha”.

É justo? Hein?

Me digam, para onde correr?

Cadê as tão desejadas asas da mamãe galinha???


*Por Camila

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